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Lauren Hynde

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Apr 11, 2002
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Há uns dias estava a falar com o David (dukeofspades), e ele diz-me que desde que está a viver no Texas, deixou de estar a par do futebol. A única coisa que sabe, diz ele, é que "o Sporting é uma merda, o Porto compra os árbitros todos, e o Benfica é o melhor". Enfim. Efectivamente, é fácil de verificar pela amostra que informação sobre futebol é coisa que não existe no Texas.

Isto leva-me a pensar sobre a quantidade de coisas que acontecem no Texas sobre as quais eu não sou informada. E quem diz no Texas, diz no Cartaxo, em São Paulo, em Toronto ou no Entroncamento. E coisas que interessam saber!

Ontem, por exemplo, estava a ler o Jornal de Notícias, e deparei-me com o seguinte título: "Pipocas prendem alunos às mesas". Ora isto é costume acontecer é no cinema com as cadeiras, por causa daquela substancia gosmenta caramelizada que eles pões nas pipocas. Por essas e por outras é que eu prefiro as minhas pipocas salgadas e isentas de substâncias gosmentas caramelizadas. Reparem que eu disse "pipocas salgadas" e não "pipocas com sal". Certa vez caí no erro de pedir pipocas com sal e fui prontamente corrigida. Achei melhor não perguntar mais nada. Mas voltando à problemática dos alunos presos às mesas pelas pipocas, também julguei possível tratar-se de um fenómeno que ocorre por vezes a quem vai jantar ao Restaurante Cascata, onde existem daqueles conjuntos completos mesa-cadeira, ao melhor estilo escola-primária-tasca. Fui lá há duas semanas com um primo meu que é assim digamos para o largo de ossos, e se para entrar para a engenhosa mesa-cadeira até nem foi difícil, sair de lá depois duma francesinha bem aviada é que foi o ver se te havias. A notícia, no entanto, era sobre o protesto que os alunos da escola do 1º ciclo do ensino básico de Juncais, no concelho de Fornos de Algodres iam fazer, prendendo-se às mesas com correntes de pipocas. Eu acho muito bem. Afinal de contas, quando por culpa dos protestos dos pais reprovarem todos por faltas, vai dar jeito às criancinhas terem uma aptidão qualquer, tal como saber fazer bijutaria com produtos alimentares para vender nos centros comerciais e feiras de artesanato.

Outra notícia que me chamou a atenção, esta de cariz mais internacional, era a que dava conta de que no Brasil, 179 dos parlamentares no Congresso Nacional estão sob investigação de orgãos de fiscalização ou foram ouvidos em processos-crime durante a actual legislatura. Os números impressionam, sim senhor, mas temos de ter em conta que a grande maioria destes processos são relativos a desvio de verbas, peculato, ou corrupção passiva. Ora a isto eu só preciso de responder com quatro nomes: Valentim Loureiro, Isaltino Morais, Fátima Felgueiras e Avelino Ferreira Torres. Está certo que a Fatinha diz que é luso-brasileira, mas aprendeu tudo o que sabe aqui mesmo!

E ainda nem começámos a falar de futebol.
 
Last edited:
É engraçado ver que, mesmo no Texas, seja possível ter acesso a informação desportiva factual. :cool:
 
eu nao tenho muitas razoes de queixa, eu aqui em newark tenho ao meu alcance todos os pontos de informacao k queira, desde o jornal de noticias a bola de portugal ou a revista Maria, a Ana, ou a Mulher moderna , so para falar de alguns, tambem temmos os nossos jornais portugueses feitos aqui mesmo temos um chamado o Luso americano, que sai duas vezes a semana e temos a bola e o 24 horas que saiem diariamente por isso estou quase sempre actualizada nao so com as noticias daqui como as de portugal brasil angola e restantes paises portugueses, mas acho k este topico e bem interessante...
 
ElPila said:
É engraçado ver que, mesmo no Texas, seja possível ter acesso a informação desportiva factual. :cool:
Sim. É um facto.

01º | 12pt | 4j | 4v 0e 0d (10-1) | FC Porto
02º | 07pt | 4j | 2v 1e 1d (3-2) | SC Braga
03º | 07pt | 4j | 2v 1e 1d (5-4) | P Ferreira
...
05º | 06pt | 3j | 2v 0e 1d (4-3) | Sporting CP
...
10º | 04pt | 3j | 1v 1e 1d (2-4) | SL Benfica
...

:catroar:
 
Ontem à tarde estive na Praça D. João I, em frente ao Rivoli, juntamente com umas centenas de outras pessoas que eu não conhecia de lado nenhum. Havia muitos estudantes de arte - conhece-se-lhes a pinta a léguas -, de arquitectura, e do infantário, pela mão de uma quantidade considerável de avós. Estávamos lá todos por causa de uma artista brasileira chamada Néle Azevedo, e de uma instalação chamada "Monumento Mínimo". Eram cinco da tarde quando o povo reunido na praça, convocado pela artista, começou a retirar de caixas de poliestireno centenas (um milhar, dizem, mas acho que ninguém contou) de figurinhas de gelo, homens e mulheres de 20cm de altura, e a sentá-los delicadamente na escadaria. O que se seguiu foi uma delícia. À medida que esta multidão de gelo se transformava numa cascata lenta, a emoção em quem assistia era palpável. Às cinco e meia já não sobrava nada naquela escadaria, mas tão cedo este mo(nu)mento não vai desaparecer da memória de quem lá estava.
 
Eu não ligo muito à República, mas dado que hoje é feriado devido à implantação da mesma, aqui fica uma bandeirinha:

portugal.gif
 
Mas afinal andam a gozar quem?

Vi este fim de semana uma coisa atroz.

Tendo ido visitar a minha companheira à Serra da Estrela, quando na manhã de Sábado saímos no carrito dela para irmos fazer umas compras de primeira necessidade a um supermercado próximo, fomos parados numa operação STOP da GNR.
Até aqui tudo bem. A fiscalização é importante, considerando que é assustador o número de pessoas que conduzem sem carta, seguro automóvel, alcoolizadas ou sob efeito das chamadas drogas recreativas e inclusivé veículos furtados, INPUNEMENTE, em Portugal.

Abro aqui um parêntesis para dizer que momentos antes de pararmos nesta operação, passámos por um indivíduo que conduzia um desses veículos de 50cc que se assemelham a carros - alcunhemos-los de papa-reformas - com a porta da bagageira aberta. Num gesto de cortesia, dado que ía no lugar do pendura, assumindo que a dita situação teria passado desapercebida ao condutor do veículo, baixei a minha janela e, à vertiginosa velocidade de 35km/h, apontando para a porta aberta da bagageira, avisei o condutor da situação. Qual não foi a minha surpresa quando em resposta ao meu aviso fui acometido por um dilúvio de palavrões e impropérios dignos de um carroceiro.

Já parados na operação STOP, o dito veículo passa por nós tranquilamente, a maldita bagageira ainda aberta, passa pela brigada, ignora um semáforo, vira à esquerda sem sinalizar e segue caminho,ignorando um veículo que se aproximava pela direita, sem ser interceptado por nenhum agente.
Ora, julgo eu, qualquer outro condutor não só teria sido mandado encostar por levar a bagageira aberta e muito provavelmente multado, como se tivesse efectuado qualquer uma das infracções que mencionei veria a carta cassada, uma multa pesada ser-lhe aplicada e provavelmente voltaria a pé para casa.

Entretanto, enquanto um agente - muito amável e atencioso, diga-se - verificava o nosso carro, um mais à frente passava atentamente uma multa e um terceiro se encontrava no carro-patrulha a fazer uma comunicação de qualquer espécie no rádio-patrulha, esta fabulosa cena passou-se, sem que ninguém tivesse levantado uma palha.

Uma observação minha foi acolhida com um encolher de ombros e um cenho franzido.

E assim vai Portugal... :(
 
Qyron said:
Uma observação minha foi acolhida com um encolher de ombros e um cenho franzido.
E já tiveste muita sorte. Agora diz-se à autoridade como é que há de actuar? Ai.
 
Não me recordo agora bem onde diz isso, mas enquanto civil e não prevaricador, qualquer cidadão pode interpelar uma autoridade e questioná-la sobre a sua conduta profissional.

Da mesma maneira que quando abordados por um qualquer agente de autoridade, quando uniformizado, a saudação que nos deve ser feita é a continência. Este acho exagero, mas isto é explicito no código de conduta. E se continuarmos a arrastar a lógica, depressa se chega a uma conclusão: a autoridade máxima numa democracia é um civil. Também se pode deturpar um pouco a ideia e facilmente podemos afirmar que da democracia ao estado de polícia vai um passo, dado que em democracia cada indivíduo é considerado um defensor das suas leis nacionais.
 
Isso tem-se visto aqui por estes lados, com a GNR aos tiros aos civis. (Não que não estivessem a pedi-las...)
 
De acordo com o livro "Minorias Eróticas e Agressores Sexuais", do ex-director do Serviço de Psicoterapia Comportamental do Hospital Júlio de Matos, o psiquiatra Afonso de Albuquerque, e que será lançado na sexta-feira, entre cinco e dez pessoas morrem todos os anos em Portugal por falta de sangue no cérebro durante a masturbação. Pronto, dito assim assusta, mas é durante a masturbação com asfixia auto-erótica. Como o próprio nome indica, esta prática consiste na indução, pelo próprio, de uma estado de asfixia cerebral enquanto se masturba, através da constrição do pescoço, por exemplo. O fluxo sanguíneo cerebral é restringido parcialmente, o que resulta em falta de oxigénio, o que resulta num orgasmo mais intenso. Com um risco infinitesimal de morte cerebral.

Esta estatística chamou-me a atenção porque me lembrei que há uns tempos, no princípio de 2003, fiz The Death Test, e os resultados indicavam não só que os meus herdeiros poderiam contar com a fortuna no dia 13 de Outubro de 2062, mas também que existia uma probabilidade na ordem dos 6% de que a minha morte resultasse de, adivinharam, asfixia auto-erótica. O que aos 79 anos de idade, até não seria a pior maneira de ir...
 
Achei que devíamos dar um sonoro "Parabéns" a todos os tugas e tuga-falantes no mundo.

Fiquei recentemente a saber que nos podemos orgulhar de falar a 3ª língua mais complexa do mundo, com sensívelmente 48 mil verbos irregulares.

Um outro facto curioso é que na nossa epopeia mundial de "dar novos mundos ao mundo", tocando novas culturas onde parávamos, em todo o lugar deixámos um legado. Um exemplo bem visível disto é a influência que vincámos na língua japonesa, com várias corruptelas de palavras portuguesas a entrarem para a língua (pan = pão; arigato = obrigado). Deixámos também o cristianismo, através dos Jesuítas, e segundo alguns teóricos, um português tem mais facilidade de aprender japonês que qualquer outro ocidental, devido a alta complexidade da nossa língua materna.
 
A quantidade de palavras japonesas derivadas do português é impressionante. Desde biidoro (vidro) até à famosa tempura (tempero). Mas em termos de estrutura e gramática, o japonês até é bastante simples. :)
 
Outra curiosidade vinda do Oriente é o esparguete.

Marco Polo trouxe-o da China para Itália, mas se as receitas italianas primam pela variedade, as orientais não ficam atrás.

O macarrão à japonesa leva legumes crus, cortados muito finos e é um óptimo prato frio. Existem também sopas baseadas no esparguete tradicional (chow mein, se não me engano) em que a própria água de cozedura do esparguete é parte da sopa simples, mas muito rica nutritivamente.
 
Ok, o LusoBlog teve aqui um desvio mas vou tentar redimir-me.

Está neste momento a ser feita em Portugal, á semelhança do que já aconteceu em Inglaterra e na Alemanha, uma votação para eleger a maior figura da nossa história. Entre os muitos elegíveis encontram-se D. Afonso Henriques - o nosso fundador - o Infante D. Henrique - o impulsionador dos nossos Descobrimentos - Camões, Rosa Mota, Amália, entre muitos.

O conceito é engraçado e acho que servirá para se sentir até que ponto os tugas-tugas têm consciência da sua história, que mesmo sendo a História de uma estreita língua de terra, plantada no extremo da Europa, marcou e ainda marca hoje o compasso pelo qual o mundo se mexe, mesmo que ninguém o reconheça ou admita.

Se são tugas, aproveitem e informem-se mais sobre este estudo. Se não são tugas-tugas, mas são na mesma lit-tugas, aproveitem e dêem uma espreitadela para ficarem a conhecer as caras. Já há muitas biografias disponíveis.

O site é da RTP e é seguro (na medida do razoável). Vejam isto em:http://www.rtp.pt/wportal/sites/tv/grandesportugueses/
 
Last edited:
Gostava de saber onde estaria ele se não tivesse chegado primeiro o nosso grande D Afonso Henriques!!!!

Ele leva o meu votos 24 horas por dia, 7 dias por semana, 30 dias por mês e 365 dias por ano! Ele foi um grande senhor!
 
É verdade. Não só fundou a nossa nação, mas também inventou os fundamentos da telenovela venezuelana. Sem ele, não haveria TVI!
 
Só porque foi aos fagotes ao amante da mãe e a pôs a andar daqui para fora?

Bem, não era daquelas coisas que lhe tinha atribuído, mas é mais um marco. Pioneirismo, é o que lhe chamo.
 
Vou transcrever aqui a crónica de ontem do Manuel António Pina no JN. Acho que diz tudo...


Palavras para que vos quero

Cronista prudente, estou a organizar uma lista das palavras que não posso usar, a não ser que esteja disposto a arrostar (e não estou) com os rigores linguísticos da Justiça. Já sei que a palavra "energúmeno" dá prisão, multa e indemnização, pois, independentemente de os dicionários dizerem que ela significa "pessoa que, possuída por uma obsessão, pratica desatinos", no Tribunal do Bolhão significa, como diz Rui Rio, "alguém que não tem princípios". "Cromo" é palavra que também nunca escreverei, e nem me vale a pena ir ao Dicionário da Academia, pois o Tribunal da Relação de Coimbra acaba de determinar que as palavras são injuriosas ou ofensivas "não pelo significado constante de qualquer dicionário mas pela conotação que lhes é dada pelo povo". Arrumei, por isso, os dicionários e, agora, de cada vez que escrever, irei à rua folhear o povo (o que quer que seja o povo, há-de estar por ordem alfabética). A coisa tem vantagens poderei, por exemplo, qualificar Rui Rio de "espiritado" em vez de "energúmeno", ou chamar quem eu quiser de "ímprobo", "esquipático", "espeloteado", "imbele", "macavenco", "furbesco" e "destabado", ou acusá-lo de "relesa", de "tataria" ou até de "versúcia", pois não é provável que o povo dê qualquer conotação a isso.​

For the record, o Rui Rio é mesmo uma besta dum energúmeno, e se ele estiver a ler isto e me quiser processar, força!
 
O Juiz que promulgou a dita sentença, anulando o léxico oficial português devia ser banido da Ordem.

Passou um atestado de estupidez a todos os que se esforçam por apurar a nossa língua. O calão sempre existiu mas nunca foi admitido como linguagem oficial. Este nosso douto Juiz merece voltar ao secundário para ver se aquilo que afirmou é real.
 
Uma notícia de interesse para a nossa Gisella:

A SIC Notícias vai começar a emitir nos Estados Unidos a partir da próxima quinta-feira, através do operador Dish Network, integrando o mesmo pacote em que estão a RTPi e a SIC Internacional. O lançamento oficial será feito em Newark, a 16 de Novembro.
 
Mais umas estorinhas acerca desta linda autarquia que governa a antiga, mui nobre, sempre leal e invicta cidade:

Um arquitecto lisboeta comprou, há três anos, uma casa em ruínas na baixa do Porto, com intenção de a reabilitar e aí passar a viver tranquilamente. Pobre diabo, julgava que quando esta Câmara apregoa o fim das burocracias e a paixão pela reabilitação do centro histórico, era mesmo a sério. O pedido de licença para o restauro nunca obteve resposta, nem positiva nem negativa (o que por si só constituiria aprovação tácita em qualquer tribunal), por isso, como qualquer pessoa normal nesta situação, avançou com o restauro à mesma. O fiscal apareceu depois da obra pronta, como é óbvio, para aplicar uma multa e - atentem bem nisto - um reprimenda por ter substituído a caixilharia de alumínio das janelas viradas para a rua por caixilhos de madeira pintada, que são os originalmente usados nestas casas. Mas há mais: na parede de meação com uma das casas contíguas, em ruínas, começaram a surgir manchas de infiltração devido ao entupimento da coluna vertical de esgotos. Serviços Municipalizados de Água e Saneamento, Divisão de Salubridade da Câmara do Porto, delegado de saúde, todos dizem que se desamerde, que não é nada com eles. Legalizar a casa parece ser nesta altura impossível, pelo que vende-la e acabar com o pesadelo está fora de hipótese. Fica a casa bem restaurada, com critério e gosto, mas impossível de habitar e com valor comercial nulo.

A Fundação para o Desenvolvimento da Zona Histórica do Porto foi criada, nos tempos do Fernando Gomes e do Nuno Cardoso, com um plano de acção: uma a uma, reabilitar as famílias e casas do centro histórico. Pegava nas famílias dum prédio, dava-lhes formação, ocupação de tempos livres, ajuda na procura de um emprego, ao mesmo tempo que restaurava por completo o prédio, com critério e qualidade, mesmo que sem gastar muito dinheiro. Pouco a pouco, devagar, é certo, mas a fórmula resultava. Depois de o Rui Rio chegar à presidência da Câmara, a estratégia mudou. A Fundação continuou a fazer o seu trabalho, os projecto de arquitectura continuaram a ser feitos, mas trabalhos realizados mesmo, edifícios reabilitados foram, desde então e até hoje, zero. O plano passa agora por adquirir quarteirões inteiros, dinamitar o interior dos edifícios, e "restaurar" tudo ao mesmo tempo como se fosse uma entidade única, o que passa por cima de tudo quanto é a casa do Porto, em termos históricos e funcionais. Quarteirões reabilitados até hoje: zero.

A proprietária e única moradora de um edifício degradado na zona de Miragaia recebe da Câmara Municipal uma notificação para efectuar obras de restauro no prazo de 30 dias, ou o prédio será declarado inabitável e ela será despejada compulsivamente (não se trata, é claro, do edifício vizinho do da primeira estória). Ao mesmo tempo, recebe uma proposta da Câmara Municipal para aquisição do imóvel. Por coincidência, a Câmara já é proprietária de 7 outros edifícios no mesmo quarteirão, e até já existe um projecto de reconstrução para este conjunto, incluindo o edifício agora notificado, que seria usado como caixa de acesso aos outros.
 
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